O Mundo Pós-Americano. Fareed Zakaria
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Na primeira frase de O mundo pós-americano , o cientista político e jornalista Fareed Zakaria deixa claro seu tema: "Este livro não é sobre o declínio dos Estados Unidos da América, mas sobre a ascensão de todos os outros países". Clareza e concisão são algumas das qualidades desta obra, na qual o autor desenvolve a idéia de que os Estados Unidos continuam a ser a superpotência dominante do ponto de vista militar e político, mas que em todas as demais dimensões, como na economia, nas finanças e na cultura, está ocorrendo uma distribuição do poder: estamos entrando num mundo pós-americano.

Os símbolos visíveis dessa nova ordem são vários. Os dois edifícios mais altos do mundo erguem-se em Taipei e Dubai. A maior empresa de capital aberto é chinesa e o maior fundo de investimentos tem sede nos Emirados Árabes Unidos. O maior avião do mundo é fabricado na Rússia e na Ucrânia, a maior refinaria está em construção na Índia e as fábricas mais gigantescas estão todas na China. Os cassinos de Macau faturam mais que os de Las Vegas. A maior indústria cinematográfica não é Hollywood, mas Bollywood, na Índia - e a terceira maior está na Nigéria. Nove dos dez maiores shoppings centers do planeta situam-se fora dos Estados Unidos. Sem esquecer que os chineses superaram de longe os americanos em medalhas de ouro na última olimpíada.

Mais importante do que esses sinais exteriores é a constatação do crescimento econômico do resto do mundo (graças, segundo o autor, à vitória americana na Guerra Fria e à disseminação de seu modelo de política e economia). Zakaria dedica dois longos e importantes capítulos à ascensão da China e da Índia - os dois exemplos máximos desse crescimento -, em que procura fugir da visão belicista neoconservadora e descreve as grandes diferenças existentes entre essas duas futuras superpotências. Sem desconhecer os problemas que advirão da "ascensão do resto", mas colocando na sua devida dimensão supostas ameaças como o expansionismo chinês ou o terrorismo islâmico, O mundo pós-americano pinta um quadro relativamente otimista do futuro próximo, desde que os Estados Unidos sejam fiéis ao seu destino histórico e aos seus princípios democráticos e liberais.